Infraestrutura digital fora dos grandes centros vale a pena?

Por BuildBase

2 de julho de 2025

Falar em infraestrutura digital geralmente nos leva a imaginar cabos de fibra óptica cruzando grandes avenidas de capitais, datacenters refrigerados e coworkings com internet ultrarrápida. Mas e quando saímos desse circuito? Será que fora dos grandes centros também vale a pena investir em conectividade, segurança de dados e inovação digital? A resposta, como quase tudo em tecnologia, é: depende — mas tende a ser sim, e muito.

Cidades médias vêm experimentando um avanço silencioso, mas contínuo, em suas estruturas de TI. O que antes parecia exclusividade das metrópoles hoje já é realidade em muitos desses lugares — ainda que com adaptações. Provedores locais se expandem, escolas públicas recebem internet de qualidade, sistemas municipais migram para a nuvem. Tudo isso acontece sem tanto alarde, mas com resultados palpáveis.

Claro, os desafios são grandes. A ausência de infraestrutura básica em algumas regiões dificulta o progresso. A mão de obra especializada ainda é escassa fora dos grandes polos. E, em muitos casos, os investimentos vêm em ritmo mais lento. Mas por outro lado, as soluções costumam ser mais criativas e adaptadas à realidade local. É aquela velha máxima: quem tem pouco, aprende a fazer mais com menos.

Então, a questão que vale discutir aqui é: o que está funcionando de verdade? Quais são as estratégias que têm ajudado essas cidades a avançar? E o que investidores, gestores públicos e profissionais de tecnologia devem considerar antes de descartar o “interior” como opção digitalmente viável? Vamos aos pontos que estão moldando esse cenário.

 

Avanço da conectividade em áreas periféricas

Quando se fala em internet no interior, muita gente ainda pensa em conexões instáveis, lentas e com cobertura irregular. Mas essa imagem está ficando cada vez mais ultrapassada. Nos últimos anos, provedores regionais têm expandido redes de fibra óptica para bairros afastados e até áreas rurais — um movimento que ganhou força especialmente durante e após a pandemia.

As notícias de Ribeirão Preto mostram como a cidade tem ampliado sua infraestrutura de conectividade com foco em inclusão digital. Escolas da rede pública foram equipadas com internet de alta velocidade, e bairros periféricos receberam torres e roteadores para ampliar o sinal. Isso impacta diretamente a qualidade do ensino e o acesso à informação.

Outro ponto positivo é a concorrência entre provedores locais, que estimula a melhoria constante do serviço. Em vez de depender de grandes operadoras nacionais — muitas vezes lentas para agir —, as cidades menores têm apostado em empresas locais, mais ágeis e sensíveis às necessidades específicas da comunidade. E, nesse cenário, todo mundo sai ganhando.

 

Soluções sob medida para gestão pública digital

Digitalizar a administração pública não é mais um luxo — virou necessidade. Em cidades médias, essa transformação tem acontecido de forma gradual, mas com foco em eficiência. Desde sistemas de atendimento online até plataformas de gestão de tributos, a ideia é simplificar processos, economizar recursos e melhorar a experiência do cidadão.

Segundo o jornal de Ribeirão Preto, a cidade adotou recentemente uma central digital unificada que permite o acompanhamento de demandas por parte da população. Chamados de iluminação pública, reclamações sobre trânsito e até solicitações na área da saúde agora podem ser feitos de forma online — e o cidadão consegue acompanhar o andamento da sua solicitação em tempo real.

Além disso, muitos municípios têm usado softwares de código aberto para evitar custos elevados com licenças. Isso permite customização, escalabilidade e autonomia tecnológica. É um modelo mais sustentável e que evita a dependência de fornecedores que nem sempre entendem as realidades locais. E mais: promove uma cultura de inovação no setor público, que tende a se expandir para outras áreas.

 

Capacitação digital como desafio e oportunidade

De nada adianta ter boa infraestrutura se as pessoas não sabem utilizá-la plenamente. Um dos gargalos enfrentados por cidades fora dos grandes centros é a formação de mão de obra qualificada em tecnologia. Mas isso também tem se tornado uma oportunidade — e várias iniciativas interessantes vêm surgindo justamente para preencher essa lacuna.

De acordo com o portal de notícias Ribeirão Preto, programas de capacitação digital voltados a jovens em situação de vulnerabilidade têm sido uma das estratégias mais eficazes. Cursos de programação, suporte técnico e cultura digital vêm sendo oferecidos em parcerias entre o poder público e instituições privadas.

Além disso, há uma valorização crescente do ensino técnico e profissionalizante. Instituições como ETECs, Senai e universidades locais têm ampliado suas grades curriculares com foco em TI, redes e segurança da informação. O resultado, ainda tímido, já começa a gerar frutos: jovens que optavam por migrar para os grandes centros agora veem uma chance real de construir carreira onde vivem.

 

Segurança da informação em estruturas públicas

Com a digitalização crescente da gestão pública e do setor empresarial, a preocupação com segurança da informação se tornou inevitável. E, infelizmente, os ataques cibernéticos não se limitam a capitais. Municípios menores, com sistemas menos robustos e equipes pequenas de TI, tornaram-se alvos fáceis — e os casos têm aumentado.

As últimas notícias Ribeirão Preto mostraram recentemente o caso de uma tentativa de invasão a servidores da prefeitura, que acabou frustrada por um sistema de monitoramento implantado pouco tempo antes. Esse episódio ligou o alerta para a necessidade de protocolos mais rígidos de segurança e investimentos em infraestrutura digital defensiva.

Por isso, muitas prefeituras estão criando pequenas equipes especializadas em cibersegurança — ou firmando convênios com universidades para monitorar e melhorar suas redes. Backups automáticos, autenticação em duas etapas, criptografia de dados e treinamentos internos estão começando a fazer parte da rotina de setores públicos antes totalmente analógicos. Um passo essencial para evitar prejuízos — e perda de confiança da população.

 

TI como motor da economia local

Há um lado da infraestrutura digital que vai além dos serviços públicos: o fomento ao empreendedorismo tecnológico. Cidades médias estão cada vez mais se tornando terreno fértil para o surgimento de startups, empresas de software, consultorias digitais e freelancers especializados. Um movimento silencioso, mas que está redesenhando as economias locais.

Com custos menores e uma demanda crescente por soluções locais (aplicativos de transporte, sistemas de gestão, e-commerces regionais), muitos profissionais estão optando por ficar em suas cidades e desenvolver produtos adaptados à realidade ao redor. Isso cria não apenas novos empregos, mas uma cultura digital própria, que se retroalimenta.

Outro fator que impulsiona isso é a criação de polos tecnológicos e espaços de coworking em cidades de porte médio. O acesso facilitado a internet de qualidade, redes de apoio e capacitação acelera a formação de ecossistemas digitais. É uma nova economia que nasce com menos glamour do que a das capitais, mas com mais enraizamento — e potencial de crescimento consistente.

 

Infraestrutura digital e inclusão social

Por fim, vale lembrar que infraestrutura digital não é só sobre tecnologia — é também sobre equidade. Em muitas cidades menores, o avanço da conectividade representa o primeiro passo para a inclusão social de populações antes invisibilizadas. Quando uma comunidade rural ganha acesso à internet, por exemplo, ela não só se conecta ao mundo — ela passa a ter voz e escolha.

Projetos de telemedicina, aulas online, atendimento remoto de serviços públicos e até oportunidades de trabalho digital transformam realidades que pareciam intocáveis. E isso só é possível quando existe um mínimo de estrutura tecnológica bem distribuída. Portanto, expandir a infraestrutura digital fora dos grandes centros é também um ato de justiça social.

E mais: à medida que essas populações ganham acesso e domínio das ferramentas digitais, elas passam a produzir também. Informação, cultura, serviços. O que antes era apenas consumo vira criação. E isso muda completamente o papel das cidades menores no mapa digital do país. Elas deixam de ser dependentes e passam a ser protagonistas.

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