Sistemas de TI que gerenciam processos de exportação

Por BuildBase

23 de julho de 2025

Quando uma empresa decide exportar, não basta apenas embalar o produto e despachar. Existe todo um processo por trás, cheio de etapas técnicas, exigências legais, documentos específicos e prazos apertados. É como montar um quebra-cabeça complexo, em que cada peça precisa se encaixar perfeitamente para a mercadoria sair do país sem atrasos — e sem prejuízos.

Nesse cenário, os sistemas de tecnologia da informação (TI) se tornaram indispensáveis. Eles não só organizam os dados e automatizam tarefas, como também garantem que tudo esteja em conformidade com as leis nacionais e internacionais. Com um bom sistema, é possível gerenciar toda a operação: desde a emissão de faturas até o controle logístico e o desembaraço aduaneiro.

Mas não basta qualquer software. O comércio exterior tem suas particularidades, e por isso surgiram plataformas especializadas, desenvolvidas especificamente para atender às demandas desse setor. Elas integram diferentes áreas da empresa, conectam dados com órgãos reguladores e oferecem maior visibilidade e controle das operações.

Nos próximos tópicos, vamos explorar os principais tipos de sistemas usados na exportação, entender como eles funcionam, quais os benefícios e — o mais importante — como se relacionam com os profissionais que operam esse universo. Porque, por trás da tecnologia, sempre tem gente qualificada garantindo que tudo funcione.

 

ERPs com módulos voltados ao comércio exterior

Os sistemas ERP (Enterprise Resource Planning) já são amplamente utilizados pelas empresas para integrar setores como financeiro, contábil, produção e estoque. No caso das exportadoras, muitos desses ERPs possuem módulos específicos para o comércio exterior, permitindo que a empresa gerencie desde o pedido até o embarque internacional.

Com esses módulos, é possível emitir a documentação necessária — como fatura proforma, commercial invoice, packing list e certificados — de forma automatizada, evitando erros e retrabalho. Além disso, o sistema cruza dados com o controle de estoque e o planejamento de produção, garantindo que as exportações sejam feitas com base em informações atualizadas.

ERP’s como TOTVS, SAP, Omie e Senior já oferecem essas funcionalidades, e quando bem configurados, reduzem drasticamente o tempo de processamento de uma exportação. Mais do que isso, eles criam uma base de dados que ajuda a empresa a tomar decisões estratégicas, identificando gargalos e oportunidades com mais clareza.

 

Plataformas de despacho aduaneiro e integração com SISCOMEX

Exportar envolve lidar com a Receita Federal, com portos, aeroportos e com o SISCOMEX — o Sistema Integrado de Comércio Exterior. Para isso, empresas usam sistemas especializados em despacho aduaneiro, que comunicam diretamente com esses órgãos e permitem o envio eletrônico das declarações e documentos exigidos.

Ferramentas como Softway, I-Broker, e-Trade e SISCARGA automatizam a geração de DU-Es (Declaração Única de Exportação), conectam-se com certificadoras digitais, organizam a numeração de processos e armazenam o histórico de cada operação. Elas são essenciais para garantir a conformidade legal e evitar multas, atrasos e bloqueios.

O grande benefício dessas plataformas é a integração. Em vez de preencher documentos manualmente ou acessar vários sistemas distintos, o operador de comércio exterior tem tudo centralizado em uma só interface, o que agiliza e padroniza o processo. Com isso, os prazos ficam mais curtos e o controle — muito mais eficiente.

 

Sistemas logísticos e rastreamento de cargas

A parte mais visível de uma exportação é a carga em trânsito. E, claro, ninguém quer perder de vista uma mercadoria que está cruzando continentes. É por isso que os sistemas de gestão logística se tornaram parte indispensável do processo de exportação, especialmente os que oferecem rastreamento em tempo real.

Ferramentas como CargoWise, Descartes, Navisphere e plataformas de armadores marítimos permitem acompanhar onde está a carga, qual o status do embarque, se houve desvios de rota, atrasos ou mudanças no cronograma. Esses dados são valiosos não só para o exportador, mas também para o cliente internacional que espera a entrega.

Além do rastreamento, esses sistemas auxiliam no planejamento de rotas, escolha de modais (marítimo, aéreo, rodoviário), controle de custos logísticos e emissão de documentos de transporte, como BL (Bill of Lading) e AWB (Air Waybill). Eles também contribuem para evitar gargalos e planejar melhor as próximas remessas.

 

O papel do profissional técnico na operação desses sistemas

Mas quem, afinal, opera todos esses sistemas? Quem alimenta os dados, interpreta os relatórios, emite os documentos e garante que a exportação ocorra sem falhas? A resposta está nos profissionais especializados em comércio exterior — e, em especial, no técnico em Comércio Exterior.

Durante sua formação, esse profissional aprende como funcionam os sistemas de exportação, quais são os códigos, normas e processos que precisam ser respeitados, e como usar a tecnologia a favor da empresa. Ele entende o funcionamento do SISCOMEX, domina as principais plataformas de gestão e sabe o que precisa ser feito em cada etapa da exportação.

Mais do que conhecimento técnico, o técnico em comércio exterior é quem traduz a operação para dentro do sistema — garantindo que tudo esteja documentado, dentro do prazo e com total rastreabilidade. Seu trabalho é essencial para que a tecnologia cumpra seu papel, sem falhas e com alto desempenho.

 

Plataformas de compliance e análise de risco

Em tempos de globalização, exportar também exige responsabilidade. As empresas precisam garantir que estão operando de forma ética, respeitando leis internacionais e evitando parcerias comerciais com países ou empresas envolvidas em embargos, sanções ou práticas ilegais. E aqui entram os sistemas de compliance e análise de risco.

Plataformas como Amber Road, SAP GTS, e Avalara fazem a checagem automática de parceiros comerciais, analisam listas internacionais de sanções, validam classificações fiscais de produtos e cruzam informações com bancos de dados de órgãos reguladores. Elas são fundamentais para proteger a empresa de riscos reputacionais e legais.

Além disso, essas ferramentas ajudam a manter o compliance fiscal e tributário. Elas monitoram as mudanças na legislação e atualizam automaticamente os parâmetros do sistema, garantindo que a empresa esteja sempre em dia com suas obrigações. É uma camada extra de segurança em um ambiente cada vez mais regulado.

 

Automatização de processos e o futuro da exportação

Com o avanço da inteligência artificial e da automação, os sistemas de comércio exterior estão ficando ainda mais inteligentes. Já existem plataformas capazes de preencher automaticamente documentos com base em históricos anteriores, sugerir classificações fiscais corretas e até prever atrasos logísticos com base em dados climáticos e geopolíticos.

A tendência é que, cada vez mais, tarefas operacionais sejam assumidas por sistemas automatizados, e os profissionais se concentrem em atividades analíticas e estratégicas. Isso significa mais eficiência, menos erros e decisões mais embasadas. Mas também exige um novo perfil de colaborador: alguém que entenda de comércio exterior e de tecnologia ao mesmo tempo.

Exportar será, cada vez mais, uma atividade baseada em dados. Quem investir em sistemas robustos, com integração entre áreas e visão preditiva, sairá na frente. Afinal, no mercado global, o tempo é curto, a concorrência é alta — e a margem de erro, mínima.

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