BIM ainda vale a pena em 2025?

Por BuildBase

15 de julho de 2025

Se você trabalha com arquitetura ou engenharia, provavelmente já ouviu falar (e muito) sobre o BIM. Essa sigla, que representa o Building Information Modeling, já foi considerada a grande promessa do setor, prometendo revolucionar a forma como projetamos, construímos e gerenciamos obras. Mas estamos em 2025 – e a pergunta agora é outra: será que ainda vale a pena investir no BIM?

De um lado, há quem diga que o BIM já passou do hype. Que se tornou mais uma obrigação técnica do que um diferencial competitivo. De outro, há os que defendem que ele continua sendo a espinha dorsal de projetos bem executados, especialmente com as atualizações que vem recebendo. O fato é: o BIM evoluiu, e não dá mais pra olhar pra ele com os olhos de 2015.

Hoje, a tecnologia está mais integrada, mais inteligente e – veja só – até mais acessível. O que antes parecia complexo demais ou caro demais agora já é parte do cotidiano em muitos escritórios e obras. E não estamos falando apenas de grandes empresas: até profissionais autônomos estão incorporando a metodologia nos seus fluxos de trabalho.

Só que… nem tudo são flores. O BIM exige organização, disciplina e, principalmente, uma mudança de mentalidade. E isso, como a gente sabe, não acontece de um dia pro outro. Então a pergunta continua no ar – e é justamente sobre isso que vamos falar nos próximos tópicos.

 

A evolução do BIM na formação acadêmica

Lá no início, quando o BIM começou a surgir nas conversas acadêmicas, ele era visto quase como uma linguagem paralela – um “extra” para quem quisesse se destacar. Hoje, isso mudou completamente. Em muitas faculdades, o ensino de BIM já faz parte da grade obrigatória, e projetos inteiros são desenvolvidos com base nessa metodologia.

Para quem está elaborando um TCC de arquitetura, por exemplo, o uso do BIM pode ser uma grande vantagem. Ele permite simular o projeto de forma mais realista, prever interferências entre sistemas e apresentar dados quantitativos com precisão. É uma ferramenta que dá mais profundidade ao trabalho – e mais chances de se destacar.

Além disso, o contato com o BIM desde a graduação ajuda a formar uma nova geração de profissionais mais preparados para os desafios do mercado. Gente que entende que projetar vai muito além de desenhar: envolve planejamento, compatibilização, análise de custos e muito mais.

Ainda assim, há um descompasso. Nem todas as instituições oferecem formação adequada, e muitos estudantes saem da faculdade com conhecimento superficial ou até nenhum contato real com a tecnologia. Isso cria um buraco entre a formação e o que o mercado espera – e quem não correr atrás, fica pra trás.

 

Adaptação dos escritórios de arquitetura ao BIM

Implementar o BIM em um escritório de arquitetura não é só uma questão de trocar software. É uma mudança estrutural – e, muitas vezes, cultural. Reorganizar processos, capacitar a equipe, revisar fluxos de trabalho… não é simples. Mas quem faz esse movimento, geralmente, colhe bons frutos.

Nos últimos anos, muitos escritórios perceberam que o BIM não é apenas uma ferramenta de projeto, mas um modelo de gestão. Ele permite controle de prazos, custos, materiais, logística… tudo dentro de um ambiente único. Ou seja: mais eficiência, menos retrabalho. Algo que, convenhamos, é ouro em qualquer tipo de obra.

O interessante é que mesmo escritórios menores têm adotado a metodologia. Com a popularização de softwares mais acessíveis e a integração com plataformas em nuvem, o BIM deixou de ser exclusividade de grandes corporações. Claro, exige investimento – mas ele se paga, muitas vezes, já no primeiro projeto bem gerenciado.

O maior desafio, talvez, seja a resistência à mudança. Muitos profissionais ainda enxergam o BIM como algo “complicado demais” ou “desnecessário para projetos pequenos”. Mas o tempo vem mostrando o contrário: quanto menor o projeto, maior a necessidade de planejamento e controle. E nisso o BIM entrega muito.

 

Como os melhores arquitetos usam o BIM de forma estratégica

Quando falamos nos Melhores arquitetos da atualidade, uma coisa é clara: eles não usam o BIM apenas como ferramenta técnica, mas como estratégia de diferenciação. É o caso de profissionais que não só dominam o software, mas exploram o potencial criativo, analítico e colaborativo que o BIM oferece.

Esses arquitetos vão além do básico. Eles usam o modelo para gerar estudos de viabilidade, simulações energéticas, análises de desempenho térmico, estimativas de custo em tempo real. O BIM vira um painel de comando do projeto – e isso encanta tanto os clientes quanto as equipes envolvidas.

Outro ponto forte é a colaboração. Com o BIM, arquitetos trabalham lado a lado com engenheiros, designers de interiores, consultores ambientais… tudo em um modelo centralizado. Isso reduz conflitos, melhora a comunicação e agiliza o processo. Um diferencial enorme em obras complexas ou com prazos apertados.

Claro que não é tudo automático. É preciso método, coordenação, atenção aos detalhes. Mas quem domina o BIM, de verdade, consegue fazer mais com menos – e entregar projetos mais completos, seguros e inteligentes. E isso, convenhamos, é o que define um bom arquiteto nos tempos de hoje.

 

BIM e produtividade: o que mudou de verdade?

Se tem uma promessa que o BIM sempre fez foi a de aumentar a produtividade. E, sim, isso acontece – mas não de forma imediata. Nos primeiros meses (ou até anos), o uso do BIM pode parecer mais trabalhoso. Mais etapas, mais detalhes, mais parametrizações. Só que essa preparação toda compensa lá na frente.

A grande virada acontece quando o modelo começa a ser reutilizado em diferentes fases do projeto. Um mesmo arquivo serve para gerar plantas, cortes, 3D, quantitativos, cronogramas. Tudo atualizado automaticamente. Isso reduz erros, evita retrabalhos e agiliza entregas. Um ganho de tempo real.

Outro impacto direto está na obra. Com o BIM, a equipe de execução recebe informações mais precisas. Menos dúvida no canteiro, menos improviso, mais assertividade. E, consequentemente, menos custo. O que antes era uma planta técnica que precisava ser “interpretada” vira um modelo claro, visual, detalhado.

Mas é bom dizer: o BIM não é milagre. Ele exige disciplina, padronização e um certo esforço inicial. Por isso, muitos profissionais se frustram no começo. Mas, uma vez que o método se consolida no dia a dia, a produtividade realmente dispara. É uma questão de insistência – e visão de longo prazo.

 

As novas integrações: BIM, IA e realidade aumentada

Uma das razões pelas quais o BIM continua relevante em 2025 é a forma como ele se conecta com outras tecnologias emergentes. Hoje, não se fala mais apenas em modelagem de informações – mas em um ecossistema digital onde o BIM é o centro de integração.

Com a inteligência artificial, por exemplo, já é possível automatizar parte do projeto: sugestões de layout, análises de desempenho, otimização de estruturas. O BIM fornece os dados, e a IA transforma esses dados em decisões. É como ter um assistente técnico 24 horas por dia.

A realidade aumentada também entra nesse jogo. Com a integração entre BIM e RA, é possível visualizar o projeto em escala real no próprio terreno. Um arquiteto pode, literalmente, “andar” por uma casa que ainda nem foi construída, conferindo detalhes e ajustes em tempo real. Isso muda tudo – especialmente na apresentação para o cliente.

E mais: plataformas em nuvem agora permitem que toda a equipe acesse o modelo BIM de qualquer lugar, em tempo real. Isso democratiza o acesso à informação, acelera o processo e reduz ruídos. O futuro da construção digital já está acontecendo – e o BIM é a base disso tudo.

 

Desafios que ainda persistem (e como superá-los)

Apesar dos avanços, o BIM ainda encontra resistência. Seja por falta de conhecimento, seja por falta de infraestrutura, muita gente ainda vê o modelo como um “bicho de sete cabeças”. E, em parte, isso se justifica. A curva de aprendizado é real, e a transição exige planejamento.

No Brasil, um dos grandes obstáculos ainda é a capacitação. Nem todos os profissionais têm acesso a treinamentos de qualidade, e muitas empresas não investem na formação da equipe. Isso gera um ciclo vicioso: o BIM é subutilizado, os resultados não aparecem, e ele é descartado como algo inviável.

Outro ponto delicado é a padronização. Sem regras claras de modelagem, cada profissional trabalha de um jeito – o que dificulta a colaboração e compromete a integridade do modelo. Por isso, criar protocolos internos e seguir boas práticas é essencial para que o BIM funcione de verdade.

Mas, apesar de tudo isso, o cenário é promissor. Com o avanço das políticas públicas, a obrigatoriedade do BIM em obras públicas e a crescente demanda do mercado, a tendência é que essas barreiras diminuam. E quem estiver preparado, vai estar muito à frente.

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